A liberdade de organização foi
uma das mais importantes conquistas pós ditadura militar no Brasil. Até o fim
da década de 70 qualquer reunião estava proibida e havia uma dura repressão
para inibir a organização de jovens e trabalhadores. Mesmo com todas as
dificuldades, com suas organizações colocadas na ilegalidade a ditadura foi
derrotada pela organização popular.
Mais de 30 anos se passaram e
ainda vemos resquícios da ditadura, da perseguição e criminalização dos
movimentos sociais. Algumas “autoridades” esqueceram que organização popular é
livre e que as manifestações são legítimos instrumentos de contestação de
medidas que vai de encontro ao interesse da população.
Em fevereiro de 2013 pudemos ver
umas dessas manifestações com o objetivo de criminalizar os movimentos sociais.
No dia 5 de fevereiro foi apresentada uma denúncia ao Ministério Público de São
Paulo, acusando 72 estudantes da USP de formação de quadrilha. O que fizeram estes
estudantes para sofrerem tal acusação? Estes estudantes haviam ocupado a
Reitoria da Universidade em protesto as medidas autoritárias aplicadas pelo
Reitor João Rodas, tal como um convênio com a polícia militar com o objetivo
não de melhorar a segurança, mas de ter a mão um instrumento para reprimir
qualquer organização dos estudantes. Isso em plenos séc. XXI, não estamos
falando da ditadura militar, muito embora o Reitor da USP esteja com problemas
para localiza-se no tempo e espaço.
Reprimir e acusar de formação de
quadrilha estudantes que protestavam contra uma medida autoritária não é
somente um ataque à aqueles que foram denunciados no MP, mas aos movimentos
sociais de modo geral, pois abre precedentes para acusar qualquer movimento de
formação de quadrilha, ou seja, os estudantes que protestarem contra o aumento
das mensalidades ou por melhorias na Instituição de Ensino que freqüentam
poderão ser considerados criminosos, não podemos admitir isso. Os estudantes da
USP, assim como muitos outros protestavam por democracia e diálogo na
Universidade, e por defenderem isso são acusados de forma brutal relembrando as
práticas dos militares durante a ditadura.
Criminalizar os movimentos
sociais é colocar em xeque todas as conquistas democráticas e o caso dos
estudantes da USP é somente um deles. Na Univille em 2011 quando os estudantes
se organizaram contra o aumento das mensalidades a Universidade antecipou um
pedido de interdito proibitório aos dirigentes do DCE, ou seja, enquanto o
Conselho de Administração da Universidade aprovava mais um aumento das
mensalidades o DCE estava proibido de ficar próximo ao prédio de Reitoria. Não
precisamos ir muito longe para colher outros relatos como esse e é exatamente
por esse e outros motivos que não podemos nos calar. Apoiamos os estudantes da
USP e todos aqueles que lutam contra a opressão, não nos deixaremos
criminalizar por aqueles que defendem a repressão e açoite dos movimentos
sociais.
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